quinta-feira, 26 de abril de 2012

A incontinência urinária


    A incontinência urinária, ao contrário do que se imagina, não atinge só o grupo de terceira idade, mas também crianças, atletas e mulheres que acabaram de ter filhos ou estão na menopausa. No Brasil, há cerca de 18 milhões de pessoas que sofrem com o problema, dos quais 80% são mulheres. Muitas delas sofrem em silêncio, por envolver a intimidade, constrangimento e ser vista por muitos como tabu ou mesmo coisa “natural” ao processo de envelhecimento, dessa forma a incontinência muitas vezes acaba não sendo tratada de maneira correta. As conseqüências disso são cruéis, com auto-estima abalada e isolamento social. No entanto, pode ser solucionada com sessões de fisioterapia específica para a região do assoalho pélvico. 
   Outros fatores que podem estar associados ou agravar o quadro da incontinência urinária são: as infecções urinárias freqüentes, a constipação intestinal, o aumento da idade, obesidade, partos vaginais, doenças neurológicas, cirurgias pélvicas prévias, não respeitar a necessidade do organismo de urinar a cada 3 ou 4 horas e a diminuição dos níveis de estrógeno no organismo durante o climatério ou menopausa.
   Muitas mulheres no pós-parto lotam academias para modelar o corpo novamente. O agravante é que em alguns exercícios, como os abdominais, há um desequilíbrio da transmissão da pressão da região abdominal e do diafragma, que ao invés de direcionar a força para a região sacra da coluna, se encaminha para a fenda vaginal, favorecendo o aparecimento da incontinência urinária, quando o períneo apresenta-se com fraqueza muscular. Toda mulher deveria ter a noção de como trabalhar esta musculatura. Este trabalho deveria iniciar antes mesmo da paciente engravidar, ou durante o período gestacional inicial, exatamente como já ocorre em outros países, sendo um trabalho orientado para a correção da postura, dos problemas urinários, sexuais e dores pélvicas. Com isto estaríamos atuando profilaticamente nas patologias do assoalho pélvico, como por exemplo: incontinência urinária de esforço, instabilidade vesical e os prolapsos. 
   A fisioterapia visa fortalecer a musculatura pélvica, mais especificamente o músculo elevador do ânus, que é responsável pela sustentação dos órgãos pélvicos, dessa forma, ocorre o fortalecimento do componente peri-uretral do esfíncter uretral externo, aumentando o tônus e melhorando a transmissão de pressões na uretra, tracionando-a em direção ao púbis e comprimindo-a contra a fáscia e contra a parede vaginal durante a contração muscular, reforçando, assim, o mecanismo de continência. 
  No tratamento fisioterapêutico a prescrição inicial é de 10 sessões de reeducação. Trabalho manual, eletroestimulação, biofeedback, exercícios de Kegel, cones vaginais e correção da estática do complexo lombo-pelvi-femoral são utilizados em proporções variáveis, de acordo com o diagnóstico. Onde o objetivo prioritário da reeducação dependerá dos resultados da exploração urodinâmica e da avaliação clínica, já que diferentes situações podem ser encontradas. 
A reeducação inicia-se pela verificação e/ou aprendizado de uma conscientização satisfatória do assoalho pélvico. Em seguida, desenvolvem-se as qualidades dessa musculatura, no caso da Incontinência urinária de esforço, trabalha-se a força e o bloqueio perineal sob esforço.
  Em caso de hiperatividade vesical, que é a incontinência por imperiosidade, a reeducação compreenderá na eletroestimulação para a inibição do detrusor (músculo da bexiga). 
   Em relação à incontinência grave de esforço, onde há uma perda urinária muito importante diante dos menores esforços, como uma simples mudança de posição, a indicação reeducativa será pré ou pós-operatória, com propósito de evitar recidivas.
    No prolapso genital, que é um distúrbio bastante comum dos órgãos pélvicos na mulher, quando é muito pronunciado, a própria mulher o diagnostica, chamando-o de descente do órgão. 
A fisioterapia não será capaz de curar o prolapso, mas será de grande importância na eliminação das dores, dos pesos pélvicos, de uma incontinência associada e principalmente evitando o agravamento dos elementos do prolapso.

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