sexta-feira, 27 de abril de 2012

FISIOTERAPIA NAS DORES SEXUAIS

          
       A sexualidade e a função sexual fazem parte do bem estar e da saúde da mulher como um todo, onde é composta da interligação dos fatores emocionais, sociais, culturais, religiosos e dos sistemas orgânicos. Além das influências de outros fatores como envelhecimento, relacionamentos e experiências anteriores. Estudos demonstram que fatores relacionados a alterações na musculatura perineal contribuem para evolução de disfunções sexuais. Assim, adicionaram-se técnicas fisioterapêuticas aos tratamentos convencionais a fim de otimizar os resultados e, concretizar o papel fundamental da fisioterapia na especialidade da sexualidade feminina, seja como prevenção ou tratamento através da reeducação perineal.

   A disfunção sexual, independente da etiologia, é um problema que afeta a qualidade de vida de grande parte da população feminina, estima-se que 19 a 50% das mulheres apresentam disfunções sexuais, que por sua vez, tem várias classificações, mas, a mais freqüente é considerar três as disfunções: de desejo, de excitação e de orgasmo, também podemos incluir as dores vaginais como a dispaurenia (dor durante a relação sexual) e vaginismo (contração reflexa dos músculos impedindo a penetração). 
       De todas as disfunções sexuais, o vaginismo e a dispareunia são as mais fáceis de serem tratadas, pois o tratamento é através de técnicas físicas que a própria paciente pode fazer com a orientação fisioterapêutica adequada. 
   O vaginismo é a contração involuntária dos músculos próximos à vagina que impedem a penetração do pênis, dedo, ou espéculo ginecológico. A mulher não consegue controlar a contração dos músculos, apesar de até querer o ato sexual, existe intenso sofrimento, também podendo aparecer sinais de pânico, como náuseas, suor excessivo e falta de ar, quando a mulher tenta enfrentar este medo, forçando a relação sexual. 
    Acredita-se que os espasmos vaginais surjam como resultado da associação da atividade sexual com dor e medo. Em algumas mulheres, até mesmo a iminência da penetração vaginal pode provocar a contração muscular. Este quadro tende a ficar crônico na medida em que não se busque tratamento adequado. Quanto mais se tenta a penetração num caso desses, mais se reforça a dor, o medo e a frustração, e em conseqüência há uma piora do quadro clínico. A condição, portanto, pode limitar o desenvolvimento de relacionamentos sexuais e perturbar relacionamentos existentes. 
  O diagnóstico freqüentemente é feito durante consultas ginecológicas de rotina, quando a resposta ao exame ginecológico acarreta imediatamente uma contração facilmente observada do intróito vaginal. Entretanto, o vaginismo ocorre em algumas mulheres durante a atividade sexual, mas não durante o exame ginecológico. 
  Dispareunia refere-se a dor que algumas mulheres sentem durante a relação sexual. A maior conseqüência desses fatores anatômicos ou psicológicos é a ausência de lubrificação vaginal, que dificulta a relação sexual, provoca a dor e impede que a mulher chegue ao orgasmo. A dor se torna um pretexto, conscientemente e inconscientemente para evitar a atividade sexual. Essas disfunções sexuais são influenciadas de acordo com uma série de fatores: 
  Deseducação sexual: Nós, mulheres, sabemos da dificuldade que tivemos para a obtenção do controle do nosso corpo, no qual não nos era permitido a demonstração do prazer, que era considerado vulgar e a mulher que ousasse fazê-la era chamada de prostituta. Para não serem consideradas assim, as mulheres começaram a se conter em todos os sentidos, reprimindo-se desde a infância, quando lhe era dito: “menina, não toque aí, é feio, é sujo”. No casamento, só ao homem era permitido o prazer, à mulher cabia apenas a procriação. Hoje, já progredimos bastante, mas ainda resta em muitas de nós aquele temor escondido, herdado de uma educação repressora, onde fixa a idéia de que descobrir seus órgãos sexuais é errado. 
  Repressão religiosa: a religião muitas vezes imprime na mulher a culpa pelo prazer, gerando um sentimento negativo sobre o ato sexual. 
  Traumas: O vaginismo pode ter início em qualquer tempo da vida da mulher, podendo surgir durante uma tentativa de penetração pelo parceiro, durante o primeiro exame ginecológico de rotina ou em resposta a um trauma passado, como abusos sexuais, estupros, primeira relação sexual frustrante. Diante do exposto, as mulheres conseqüentemente poderão obter ódio inconsciente dos homens. 
  Conformismo: as mulheres que apresentam algumas dessas disfunções acham que todas as outras são “normais” e elas são as únicas a apresentarem esse problema e nem ao menos tentam se informar sobre possíveis tratamentos e se acostumam com a falta de prazer, orgasmo e até mesmo da ausência de dor. 
  Fatores biológicos: Várias causas orgânicas podem ser responsabilizadas. As doenças vasculares associadas como: diabetes (leva a uma diminuição da excitação), doenças do coração e pulmões (falta de ar); as infecções vaginais que provocam corrimentos, ardor, irritação também podem determinar a dor sentida durante as relações sexuais, impedindo que a mulher chegue ao orgasmo. Fora o uso de alguns medicamentos como os tranqüilizantes e os antidepressivos. 

E tem solução? 

   Vaginismo é uma disfunção relativamente fácil de tratar, no entanto, até a mulher procurar ajuda, muitos anos de sofrimento podem se passar. Geralmente é o ginecologista que descobre que sua paciente tem dificuldades em realizar o exame. Ele a encaminha ao fisioterapeuta e ao terapeuta sexual. O vaginismo é um quadro em que quanto mais cedo se busca tratamento, mais rápido se alcançará à remissão dos sintomas. Não existe medicamento específico para o vaginismo e não se devem usar tranqüilizantes e anestésicos locais para tentar a penetração. Esse uso somente piora a situação e retira o prazer sexual.         
  
Fisioterapia:

     A fisioterapia deve ser enfatizada para melhorar as condições de lubrificação vaginal e promover um relaxamento da musculatura perivaginal, onde consiste em expor a mulher gradativamente à situação de penetração vaginal com o uso de sondas ou de cones específicos para o tratamento. Inicia-se com a orientação de como são os órgãos genitais femininos, mostrando a mulher sua própria anatomia. Em seguida, através de recursos como: a reeducação manual, o biofeedback, a eletroterapia para diminuição da dor, a mulher conseguirá reduzir sua hiper-sensibilidade vaginal, permitindo a introdução de cones e posteriormente do pênis, fortalecendo a musculatura perineal para sentir melhor a penetração, conseqüência de uma maior lubrificação. Suas relações sexuais serão mantidas sem a presença de dor, além de prevenir problemas como: incontinência urinária, queda de bexiga e útero (prolapsos genitais), flacidez pós-parto. 

ATENÇÃO: SE VOCÊ SOFRE DE VAGINISMO OU DISPAREUNIA NÃO DEVE FORÇAR A RELAÇÃO SEXUAL, PROCURE UM ESPECIALISTA NO ASSUNTO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL. O TRATAMENTO EM GERAL É RÁPIDO E COM ÓTIMOS RESULTADOS.










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